quarta-feira, 28 de novembro de 2007

MPF obriga ensino da Cultura Afro-Brasileira

A finalidade do evento, realizado em Juazeiro, foi cobrar das prefeituras a implementação da lei 10.639

Juazeiro do Norte. Integrantes do movimento negro da região do Cariri e o Ministério Público Federal (MPF) estiveram reunidos na manhã de ontem, em Juazeiro do Norte, com a finalidade de debater e cobrar, das prefeituras de 42 municípios da região Sul do Estado, a implementação da lei 10.639. Em vigor há mais de quatro anos, a legislação torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Médio e Fundamental, públicas e particulares. A audiência finaliza uma série de discussões da Semana da Consciência Negra, com o tema Raiz da Dignidade, promovida pelo Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec). O procurador federal, Luiz Carlos de Oliveira Júnior, disse que irá cobrar o cumprimento da lei por parte dos municípios cearenses.
Ele afirma que irá enviar ofício aos municípios, no sentido de obter informações dos gestores municipais a respeito do que vem sendo efetivado em função da lei. “O primeiro passo é conscientizar os administradores para o cumprimento da lei”, ressalta o procurador.

Quanto aos municípios que já estão se empenhando na implantação da lei, ele afirma que estará aberto a negociações, dando prazos e firmando acordos para a efetivação do que estabelece a legislação.

Após todas as questões apresentadas pelos integrantes do movimento negro, o procurador destacou que, caso os municípios não se proponham a colocar em prática a lei, entrará com uma ação na Justiça Federal. Os gestores municipais poderão ser punidos com multa e indenização por danos materiais e morais e responder por crime de irresponsabilidade, chegando a punição do prefeito. “O que espero é a colaboração dos gestores”, salienta o procurador federal.

Apesar do convite aos gestores da educação dos 42 municípios, poucos foram representados. A professora Cícera Nunes diz que o grande problema reside no desconhecimento das conseqüências do racismo.

“Essa lei exige dotação orçamentária específica e isso dificulta a reserva de verba por parte dos gestores para dar conta do que a lei exige”, diz a docente. Ela ainda acrescenta a necessidade de formação dos professores, aquisição de bibliografia específica por parte das escolas, além de uma equipe técnica pedagógica para dar acompanhamento aos professores nas escolas.
Chamar a atenção

A audiência, conforme Cícera Nunes, é uma forma de chamar a atenção das autoridades sobre a existência da lei e sensibilizar o Ministério Público Federal para tomar as providências necessárias sobre o assunto. Além dos gestores municipais, foram convocados para a audiência integrantes do Conselho Estadual de Educação, Seduc, e representantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Regional do Cariri (Urca) e UVA. Também estiveram presentes estudantes de escolas públicas e professores da região.

NECESSÁRIO

"Essa lei exige dotação orçamentária específica. Isso dificulta a reserva de verba pelos gestores".

Cícera Nunes
Coordenadora do Grunec

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=491372

sábado, 24 de novembro de 2007

E o BLOG ESTÁ DE CARA NOVA!

Já havia um certo tempo em que eu estava pretendendo mudar este espaço de qualquer maneira, transformá-lo completamente. Deixá-lo um pouco mais parecido comigo. De certa forma, consegui. Vou confirmar rapidamente as novidades que foram feitas. Lembrando que essas mudanças estão em processo e pretendo aperfeiçoar ainda alguns detalhes.
Antes de mais nada, o Blog agora está todo definido e separado por categorias, que podem ser observadas ao lado. Elas têm o intuito de promover uma maior organização no momento de postar os textos, separando-os por temas e facilitando para que os leitores possam procurá-los no assunto que lhes interessa. Isso também facilita para este bloguista, que não é tão organizado, mas que está tentando fazer isso neste cantinho. Tem vários temas e vocês podem navegar a vontade por eles.
Coloquei também alguns indicadores no lado esquerdo, lá você pode encontrar dicas sobre filmes, noticiários, seriados, esporte e um cantinho especial para você que não conhece a minha cidade, o Crato.
Outra novidade, se você estiver lendo este texto, vai de cara ou melhor de ouvido. Logo perceberá um fundo musical, é a rádio Calipso de Fortaleza, uma rádio diferenciada nos seu estilo musical.Como seu próprio slogan diz: " Uma frequência de classe"
Ainda está faltando arrumar algumas coisas, mas nada que influencie no servidor ou no andamento do Blog. Espero poder contar com vocês nesta nova jornada, quero saber se vocês gostaram das mudanças. Então Comentem! E desfrute do modesto conteúdo que esse Blog pode oferecer. Obrigado a todos!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

ESQUINAS


Só eu sei
As esquinas por que passei
Só eu sei só eu sei
Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar
Sabe lá
Sabe lá
E quem será
Nos arredores do amor
Que vai saber reparar
Que o dia nasceu
Só eu sei
Os desertos que atravessei
Só eu sei
Só eu sei
Sabe lá
O que e morrer de sede em frente ao mar
Sabe lá
Sabe lá
E quem será
Na correnteza do amor que vai saber se guiar
A nave em breve ao vento vaga de leve e trás
Toda a paz que um dia o desejo levou
Só eu sei
As esquinas por que passei
Só eu sei
Só eu sei
E quem será
Na correnteza do amor...

Djavan

domingo, 18 de novembro de 2007

Votos de Submissão


Caso você queira posso passar seu terno,
aquele que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno...
Use capa de chuva, não quero ter você molhado.
Se de noite fizer aquele tão esperado frio
poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.
E verás como a minha pele de algodão macio,
agora quente, será fresca quando for janeiro.

Nos meses de outono eu varro sua varanda,
para deitarmos debaixo de todos os planetas.
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda
- Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas
- Depois plantarei para ti margaridas da primavera
e aí no meu corpo somente você e leves vestidos,
para serem tirados pelo seu total desejo de quimera.
- Os meus desejos, irei ver nos seus olhos refletidos.

- Mas quando for a hora de me calar e ir embora
sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.
Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola,
mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.

(Nem vou deixar – mesmo querendo – nenhuma fotografia.
Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda minha poesia.)

Fernanda Young

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

MUTUM


MUTUM foi filmado nas chapadas de Minas Gerais, em pleno sertão mineiro, numa região com poucas estradas e muitos lugares ainda sem energia elétrica. Mas o isolamento da família de Thiago é mais econômico que geográfico. O sertão que se apresenta no filme não é meramente uma região geográfica: é também o interior, o passado, a infância que povoa o imaginário brasileiro.

MUTUM se inspira na história de Miguilim, da novela "Campo Geral" (Manuelzão e Miguilim), de João Guimarães Rosa (1908 – 1967), considerado o maior escritor brasileiro do século XX, autor de obras-primas como Sagarana e Grande Sertão: Veredas. Inventor de palavras e de uma sintaxe estranha, seu estilo é freqüentemente comparado ao de James Joyce. Grande conhecedor do sertão, Guimarães Rosa se inspira na tradição oral e na língua concreta do sertanejo, onde predominam imagens da natureza. Mas a linguagem particular falada por seus personagens é uma mistura de expressões regionais com aportes de várias outras línguas, formando uma língua imaginária. Com seu poder criativo e imaginação deslumbrante, provocou uma verdadeira revolução na literatura brasileira, inovando na linguagem, nas tramas e na visão de mundo de seus personagens, transformando o sertão num modelo do universo. O sertão de Guimarães Rosa é o mundo...

Guimarães Rosa era membro da Academia Brasileira de Letras e ganhou os mais importantes prêmios literários do país. De alcance universal, sua obra foi traduzida na França, Itália, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, Polônia, Holanda e Tchecoslováquia, dentre outros países.

De contornos autobiográficos, a história de Miguilim era a sua preferida: “Em Miguilim, acho tudo o que já escrevi até agora e talvez mesmo tudo o que venha a escrever em minha vida. Nessa história, está o germe, é a semente de tudo”, declarou Guimarães Rosa.

EU SEI MAS NÃO DEVIA


Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias de água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

Nota: Este texto de Marina Colasanti (que foi grande amiga de Clarice) foi publicado em seu livro de mesmo nome (Eu sei, mas não devia - Ed. Rocco - Rio de Janeiro - 1996). Com este livro Marina conquistou um prêmio Jabuti.


quinta-feira, 8 de novembro de 2007

"QUEM AMA DENUNCIA"

A partir de hoje vou abrir uma nova coluna no BLOG, irá se chamar: "QUEM AMA DENUNCIA" ironizando com a operadora OI-Telemar. A idéia(que não tem nada de nova) surgiu devido a minha insatisfação com algumas promoções da empresa OI-Telemar. Comprovado empiricamente, podemos analisar que a operadora não é nenhuma santinha ingênua e virgem com releção a seus clientes/usuários, e somente este fato já pesa várias e várias toneladas quando alguém for conferir a sua credibilidade como operadora de tefonia fixa, móvel e internet. Essa nova promoção de presentear, premiar e enrolar o seu cliente com R$100 e R$250 grátis todos os meses não é nada interessante, pelo menos para mim. Várias foram as reclamações e insatisfações quanto a esse serviço. A promessa da operadora, é depositar os bônus até o dia 5 de cada mês, isso se o cliente fizer uma recarga de dez reais ou 20 reais, conforme o plano. Pois bem. Minha mãe efetua todo mês a recarga no tempo previsto e determinado conforme o acordo feito com a operadora. Mas a mesma sempre está atrasando o envio do bônus, que outrora foi combinando para chegar no prazo determinado. Já estamos no dia 9 de novembro, e nada dos bônus chegarem. Estaria a OI-Telemar fazendo propaganda enganosa? A resposta todo mundo já sabe!Tudo bem que algumas de suas promoçoes são até interessantes, mas convenhamos, quando cumprida as promessas.Enganar o usuário e/ou tentar fazê-lo de bobo e trouxa é o fim da picada, além de estar corrompendo, descaradamente, o código de defesa do consumidor. O pior de tudo é que isso não aconteceu uma ou duas vezes, isso acontece sempre, infelizmente.

Se você está insatisfeito com algum serviço ( que não acho nada difícl aqui no Brasil), seja qual for, deixe um comentário fazendo a reclamação, que depois de avaliado, será publicado. Participe, “ QUEM AMA DENUNCIA “. Simples assim!

Abaixo dados fornecidos pela ANATEL dos piores serviços de telefonia. E adivinhem quem está em primeiro lugar?

" QUEM AMA DENUNCIA"

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR




Fonte ANATEL : http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalInternet.do



quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Canção do dia sempre

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…
E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

Mário Quintana

sábado, 3 de novembro de 2007

O que faz você feliz?

Texto e narração do Arnaldo Antunes

“O que faz você feliz?
A lua, a praia, o mar.
Uma rua, passear.
Um doce, uma dança.
Um beijo ou goiabada com queijo?
Afinal, o que faz você feliz?
Chocolate, paixão
Dormir cedo, acordar tarde
Arroz com feijão, matar a saudade
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz.
Dormir na rede, matar a sede
Ler ou viver um romance
O que faz você feliz?
Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir a toa
Um pássaro, um parque, um chafariz
Ou será o choro que te faz feliz?
A pausa para pensar
Sentir o vento
Esquecer o tempo
O céu
O sol
Um som
A pessoa
Um lugar.
Agora me diz o que faz você feliz!”

Confira o vídeo do poema logo abaixo

O que faz você feliz?

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Vícios de Linguagem


Tudo se resume a uma briga de torcidas
E a gente ali no meio, no meio das bandeiras
O jogo não importa, ninguém tá assistindo
E a gente ali no meio, no meio da cegueira
Tudo se reduz a um campo de batalha
E a gente ali no meio
Tudo se resume a disputa entre partidos
Lama na imprensa, sangue nas bandeiras
A verdade passa ao largo, como se não existisse
E a gente ali no meio, como se não existisse
Tudo se reduz, a uma cruz e uma espada

Tchê, de que lado tu estás?
Ninguém pode agradar os dois lados
Hey, it's time to make a choice
We all want to hear your voice (it's true)
Faça a sua aposta, tome a sua decisão

Tudo se produz na mesma linha de montagem
Apogeu e decadência na mais nobre linhagem

Votos de silêncio... vícios de linguagem
Nada traduz
Hey, don't you know that you are
In the middle of a war (yes, you are)
Tchê, de que lado tu estás?
Ninguém pode ficar no meio do tiroteio
Now it's time to say whose side you're on
Tudo se resume, se presume, se reduz
E o principal fica fora do resumo

Composição: Humberto Gessinger

* A foto acima foi tirada por Evandro Monteiro. Evandro tem 33 anos e começou na profissão em 1995 na Digna Imagem Agência de Fotografia. Com trabalhos publicados em diversos jornais e revistas do país, ganhou no ano passado o prêmio Esso de Fotojornalismo, um dos mais importantes prêmios de jornalismo do país devido essa foto.